O papel da mulher na sociedade brasileira passou por muitas mudanças no decorrer da história. Sua entrada e participação no mercado de trabalho foram marcadas por muita desigualdade e preconceito em relação ao trabalho masculino. Mesmo com a crescente evolução do trabalho feminino e a adesão do princípio da igualdade pela Constituição Federal Brasileira de 1988, as estatísticas ainda mostram relevantes diferenças de salário e oportunidades.

As mulheres de classes mais baixas sempre trabalharam. Nas sociedades pré-industriais elas exerciam diferentes atividades, tais como afazeres domésticos, cuidado dos filhos, trabalhos agrícolas etc. Como suas atividades não eram remuneradas, tais não eram consideradas trabalho produtivo, conceito esse que se preservou por muitos anos.

Com a revolução industrial, mais mulheres ingressaram no mercado de trabalho, o que provocou uma ampliação de suas atividades para além das funções domésticas. Nesse contexto, a mulher passou a exercer atividade remunerada e, consequentemente, a ser reconhecida por muitos como pessoa produtiva (COSTA, 2010). A figura da mulher prendada, dona-de-casa, mãe de família, passou a ser associada também à imagem da mulher trabalhadora, com múltipla jornada de trabalho (PERLIN; DINIZ, 2005).

As estatísticas acerca do trabalho da mulher no Brasil mostram que o crescimento da participação feminina no mercado de trabalho se intensificou na década de 1970, de acordo com Bruschini e Lombardi (1996). Por outro lado, a manutenção de um modelo de família, segundo o qual cabe às mulheres a responsabilidade doméstica e socializadora, exige delas a constante articulação dos papéis familiares e profissionais. Assim, a dificuldade de conciliação pode limitar a disponibilidade de algumas mulheres para o trabalho (SANTOS, 2008).

Atualmente existe uma cobrança, mesmo que velada, em relação às mulheres. Elas devem trabalhar, ser bem-sucedidas e das contas das múltiplas jornadas. Por outro lado, os papéis tradicionais da mulher ainda pesam em seus cotidianos. Diante deste cenário, muitas mulheres têm deixado o mercado de trabalho e em alguns casos, deixado suas carreiras bem-sucedidas após o nascimento de seus filhos. O que aconteceu com a busca por igualdade no mercado de trabalho? O que faz com que essas mulheres se dediquem exclusivamente ao lar e aos filhos? Essas são algumas questões colocadas na busca dos fatores que geram tais mudanças.

Participantes: Prof.ª Vanessa M. Pires e Prof. Luis C. Schneider

Período de vigência deste projeto: 01/2022 a 08/2023